Segunda edição do Ciclo de Palestras em Segurança Pública, Justiça e Violências | 2025.2
- Aknaton Toczek Souza
- 29 de set.
- 4 min de leitura
Atualizado: 30 de set.
Eu quero te convidar para a segunda edição do nosso Ciclo de Palestras em Segurança Pública, Justiça e Violências. Depois de uma primeira rodada muito potente no primeiro semestre — quando nos debruçamos sobre a PEC da Segurança Pública —, voltamos agora com um eixo que considero urgente e estratégico: da guerra às drogas ao cuidado em saúde. Em outras palavras, vamos debater, com profundidade e abertura, como o Brasil pode (e deve) sair do paradigma repressivo para construir políticas baseadas em evidências, respeito a direitos e cuidado efetivo das pessoas.
Este ciclo nasce do encontro entre pesquisa, ensino e extensão. Sou Aknaton Toczek Souza (UCPel) e, ao lado da Prof.ª Dr.ª Christiane Russomano Freire, coordeno esta iniciativa vinculada ao PPGPSDH e ao Curso de Direito da Universidade Católica de Pelotas. Contamos com uma coordenação discente super atuante — Raíssa Ferreira Miranda (egressa) e Gleberson de Santana — que tem nos ajudado a manter o foco na formação crítica, sem perder a mão da organização prática. O formato segue o que deu certo: encontros on-line, gratuitos, com certificação de 2 horas por atividade, transmitidos ao vivo pelo canal Arena Sociológica. Você se inscreve pelos QR Codes dos cards e participa com perguntas em tempo real.

Por que este tema agora? Porque os impasses que vivemos — no sistema de justiça, na segurança pública e na saúde — pedem mudanças concretas e informadas. A chamada “guerra às drogas” se traduziu, ao longo das décadas, em encarceramento massivo, violências seletivas e uma enorme distância entre o que a lei promete e o que a vida exige. O eixo do cuidado em saúde, por sua vez, aponta para redução de danos, regulação responsável, uso terapêutico com base científica e políticas que enxergam pessoas — não “inimigos”. É este deslocamento que queremos discutir, com um elenco de convidadas e convidados que atuam na fronteira do conhecimento e da prática.

Começamos em 07/10 (18h) com a Dra. Eliane Nunes, em “Cannabis terapêutica baseada em fatos”. Eliane é psiquiatra e psicanalista, doutora em Medicina pela USP, diretora-geral da SBEC e CEO Mães Jardineiras. O objetivo é simples e difícil ao mesmo tempo: separar evidência científica de pânico moral. Para quem trabalha em saúde, pesquisa, justiça ou simplesmente quer compreender o estado da arte sobre usos terapêuticos, será uma aula de rigor e responsabilidade pública.

Na sequência, 14/10 (18h), recebemos o Dr. Tiago Hyra para “Risco, dano e prevenção no Brasil e na França”. Professor do PPGSP/UVV, com doutorado em Antropologia Social (UFSC) e pós-doutorados no CADIS/EHESS e CEBRAP, Hyra tem uma trajetória exemplar no diálogo entre antropologia urbana, violência, drogas, risco e prevenção. Vamos discutir o que funciona em termos de prevenção, como medir dano e por que contexto importa quando falamos de políticas públicas transnacionais.

Em 21/10 (18h), o Dr. Marcos Veríssimo conduz “Regulamentação da canábis medicinal em perspectiva comparada”. Doutor e mestre em Antropologia (UFF), pesquisador do INCT-InEAC, com atuação no LABIAC, coordenação do LEPIC e participação no Psicocult, Marcos traz o olhar comparativo que precisamos para não reinventar a roda nem importar modelos sem crítica. O foco é entender arquiteturas regulatórias, atores, conflitos e aprendizados internacionais — e como isso conversa com o nosso arranjo federativo e com o Sistema de Justiça.

No dia 28/10 (18h), a Dra. Laura Hypolito aprofunda “Política criminal de drogas: do proibicionismo à regulação”. Doutora em Ciências Criminais (PUCRS, sanduíche na uOttawa), professora, coordenadora do GEA/IBCCRIM-RS, com atuação no GPESC, IBCCRIM e FBSP, e advogada, Laura atua entre a reflexão crítica e a prática. Vamos tratar de tipificação, seletividade penal, jurisprudências e caminhos de transição para modelos regulatórios que diminuam danos e desigualdades, sem abandonar o compromisso com a segurança e a liberdade.

Encerramos em 06/11 (18h) com o Dr. Marcelo Campos em “A Política de Drogas no Brasil Hoje”. Professor adjunto e chefe de departamento na UFJF, coordenador do LAMU-HD, com atuação no Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional, especialização em Segurança Pública e Políticas sobre Drogas, doutor pela USP (sanduíche na University of Ottawa), pesquisador INCT-InEAC e NEV-USP. Marcelo sintetiza o quadro atual e projeta cenários: aonde estamos, o que travou, o que anda, o que pode mudar — e quais alianças sociais e institucionais tornam possível uma virada realista e responsável.

O ciclo é construído a muitas mãos. Além das unidades da UCPel (Direito, PPGPSDH) através dos grupos de pesquisa Laboratório Social de Administração da Justiça, Conflitos e Tecnologia (LSd/UCPel) e Corpos Cativos (UCPEL) somam-se parceiras e parceiros que qualificam o debate: INCT-InEAC, SBEC, GPESC, Grupo de Estudos Violências e Territórios, Mães Jardineiras, LABIAC e o podcast Conversa Criminal, entre outros coletivos e grupos de pesquisa. Nossa proposta é transversal: aproximar universidade, sistema de justiça, segurança pública, saúde, movimentos sociais e sociedade civil em um espaço de debate público qualificado, com linguagem acessível e dados à mão.

Como participar? É simples: as inscrições são gratuitas e os QR Codes estão nos cards de divulgação. Todas as atividades têm certificação de 2 horas. A transmissão é ao vivo no canal Arena Sociológica, com chat aberto para perguntas e contribuições. Traga sua experiência, sua pesquisa, sua dúvida. O ciclo é um lugar de encontro — para quem está na ponta, para quem formula política pública, para quem estuda e para quem vive, no cotidiano, os efeitos dessas escolhas.

Quero insistir em um ponto: este não é um debate de torcida. É um debate de método, evidência e compromisso público. Falar de drogas no Brasil é falar de desigualdades raciais, gênero, território, juventudes, prisões, polícia, saúde mental, cuidado e garantias de direitos. É também falar de economia política, de disputas regulatórias e de arranjos federativos. Por isso, estruturamos a programação para colocar as peças na mesa, uma a uma: o que a ciência sabe; o que a prevenção ensina; o que a regulação compara; o que a política criminal precisa mudar; e onde estamos hoje.
Se você acompanha nosso trabalho, sabe que levamos a sério a ideia de que “a ciência é um esporte de combate” — combate ao obscurantismo, à desinformação, ao cinismo que naturaliza a violência. Mas combate também no sentido de jogo coletivo, com regras, fair play e disputa de ideias. É com esse espírito que te convido a participar. Vamos estudar, discordar com argumentos, construir pontes e apoiar quem está na linha de frente do cuidado e da defesa de direitos.
Para saber mais sobre o projeto, acesse o site do Arena
Sociológica (arenasociologica.com) e, se puder, apoie nossa produção contínua em apoia.se/arenasociologica. Inscreva-se no canal, ative o sininho e compartilhe com quem precisa estar nessa conversa. Nos vemos ao vivo, às 18h. Participe.
Aknaton Toczek Souza
29/09/2025



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